Grifo escapa e provoca pânico em São Paulo
Da Redação – Na tarde de ontem, o Corpo de Bombeiros foi chamado para atender a uma ocorrência incomum: capturar um grifo que se acomodara no alto de um edifício, localizado na rua 21 de Setembro. O animal, metade águia e metade leão, fugira de seu dono, João Silva, que o levava preso a uma corrente. Segundo relatos de transeuntes, o grifo libertou-se e correu, afugentando diversas pessoas e derrubando algumas bancas de camelôs. Logo em seguida alçou vôo, emitindo um som alto e agudo.
Após várias tentativas, a equipe de dez bombeiros conseguiu lançar uma rede sobre o animal e imobilizá-lo. Em seguida, foram disparados dardos contendo tranqüilizante, o que fez o grifo, de mais de 2 metros de comprimento, adormecer profundamente. O animal foi levado ao Zoológico Especial de São Paulo, onde se encontram outras criaturas míticas.
Silva disse à Polícia que o grifo é manso, foi domesticado e alimenta-se exclusivamente de vegetais. Ele diz ter aprisionado o animal em janeiro de 2002, quando o encontrou pousado na plantação de abóboras de seu sítio, na cidade de Águas Compridas (interior de São Paulo). O animal foi mantido no sítio por 15 dias e depois trazido à capital, sendo mantido desde então no quintal da casa de Silva, na Vila dos Heliotrópios. A polícia afirmou que José Silva será indiciado por crime ambiental (manter criatura mítica em cativeiro sem autorização do IBAMA), e poderá cumprir pena de 1 a 3 anos de prisão.
Filhote – O grifo foi examinado pelos biólogos do Zoológico Especial e está em boas condições. Segundo a equipe, o animal é um filhote, com 6 meses de idade e 500 quilos. A metade águia é coberta por penas longas, de um vermelho vivo, e a metade leão é de pelagem castanha e curta. Os especialistas afirmam que o grifo provavelmente estava à procura de comida, e por isso aproximou-se de uma região habitada. “Eles vivem no alto das montanhas e somente descem se não encontram outro meio de garantir a sobrevivência”, explicou Joaquim dos Santos, biólogo-chefe do Zoológico. Segundo ele, tais ocorrências tornaram-se relativamente comuns nos últimos quinze anos, devido ao desequilíbrio ecológico nas regiões montanhosas. “Este grifo, com certeza, veio da Serra das Cordas”, acredita. A cidade de Águas Compridas localiza-se a 30 quilômetros do ponto mais alto da serra.
O Zoológico Especial abriga hoje mais de cem animais míticos, muitos dos quais descobertos em poder de contrabandistas. Dentre as diversas criaturas está um basilisco de 50 anos, mantido sob rigorosa vigilância. A instituição abriga também um casal de fênix, oito sereias, um filhote de dragão, seis unicórnios (dois deles sem os chifres) e uma hidra de doze cabeças.
Fascínio - Desde muito tempo os seres míticos excitam a curiosidade humana. Centenas de relatos fazem referências a todo tipo de criatura fantástica, incluindo hominídeos (gigantes, pigmeus) e entidades zoomórficas. Hoje, além dos espécimes que vivem em circos e zoológicos especiais em todo o mundo, alguns mais raros vêm sendo encontrados com freqüência. O caso mais notório é do yeti, primata gigante das montanhas do Nepal, já visto por muitas pessoas. Nessie, o monstro do Lago Ness, é outro exemplo famoso, assim como as harpias da Grécia, o minotauro cretense (que, de acordo com relatos recentes, habita um labirinto subterrâneo) e os cinocéfalos da América Central.
No entanto, essa proximidade com seres que até alguns anos eram tidos como imaginários tem gerado uma discussão que promete se estender por muito tempo. José de Souza, presidente do Instituto Anglo-Americano de Paraciências, teme a relação quase íntima que o homem vem estabelecendo com as criaturas míticas. “Vivemos entre monstros de bestiário, essa é a verdade. Os mitos saltam das lendas para a nossa realidade; logo, não haverá mais espaço para a espécie humana”, acredita. Já o cientista Pedro Soares, diretor do departamento de Zoologia Fantástica da USP, prevê vantagens na descoberta e observações in loco destes fenômenos. “As criaturas existem e, por isso, devem ser estudadas e protegidas, não negadas. Aprenderemos muito com isso”.
Dentre os escritores, as opiniões também divergem. K.M. (ele pede para não ser identificado) afirmou que a presença de grifos e de outros seres míticos entre nós acabará com o gênero de literatura fantástica, que com freqüência os “utiliza” como personagem. “Como chamaremos de fantástico o que não é mais fantástico? Se estas criaturas estão sendo aprisionadas e analisadas, deixam de ser incríveis e de alimentar o imaginário dos leitores”, acredita. E faz um apelo: “Deixemos os animais fantásticos em paz, pelo bem da literatura”.
Outro escritor, que pediu total anonimato, discorda: “A imaginação está dentro, e não fora. Os animais do cotidiano, por exemplo, continuam sendo bons temas, bons personagens. O importante é o que se faz com eles, sob qual prisma são vistos, como são apresentados e sob quais circunstâncias vivem dentro da história que se pretende contar”, declarou, acrescentando que o caso da captura do grifo poderá ser um excelente tema literário. “Alguém vai escrever sobre isso, pode apostar”, conclui.
[Marpessa]
3 comentários:
esta materia fala de realidade ou fantasia ?
quem sabe...?
;)
ameiiiiiiiiiiiiiiii.
esses seres com certeza fascinam demais, quem nao queria ter uma fenix, e poder ser curado por suas lagrimas, ou voar nas costas de um hipogrifo.
sensacional
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