sábado, outubro 30, 2004

Labirinto

Não haverá nunca uma porta. Estás dentro
E o alcácer abarca o universo
E não tem nem anverso nem reverso
Nem externo muro nem secreto centro.
Não esperes que o rigor do teu caminho
Que teimosamente se bifurca em outro,
Tenha fim. É de ferro teu destino
Como teu juiz. Não aguardes a investida
Do touro que é um homem e cuja estranha
Forma plural dá horror à maranha
De interminável pedra entretecida.
Não existe. Nada esperes. Nem sequer
A fera, no negro entardecer.

[Jorge Luis Borges, in O Elogio da Sombra]

3 comentários:

Anônimo disse...

A profundidade desconcertante, inquietante de Borges...

Anônimo disse...

A profundidade desconcertante, inquietante de Borges
o fio de raciocínio que escoa, agonizante
o sangue do instante
a força dos alforges...

http://moacircaetano.blog.uol.com.br

Bruno Domingues Machado disse...

Quando li o título labirinto a primeira pessoa que me veio à cabeça foi Jorge Luis Borges. Genial. Sou fã dele.