Duelo
Quem bate agora ao espelho sou eu.
Uma porta que abro e dou com esse diabo
chamado desconhecido:
um corpo sem saída,
chave secreta a destrancar
a fechadura das roupas.
Agora não sou eu: é o espelho quem bate,
inquilino sem licença,
boxe sem alarde, latido de imagem
no canil solto da manhã.
Cada ruga, dobra, flerte,
ele me rosna a mesma indiferença
fria, esse dar de ombros, essa língua
e seu palmo de iceberg.
E assim nos batemos em vidro e retina:
soco de lago vitrificado, fundura
de saber quem é quem na arena
entre códigos e runas:
reflexão nenhuma.
[André Aguiar, amigo que escreve, e muito.]
2 comentários:
...e muito mesmo.
Qualidade rara.
Abraços.
Júlio Castro
http://oestro.blogdrive.com
Pois eu gostei muito do que o André escreveu...
quanto a sua observação, lá no Língua de Mariposa, muito obrigada. algumas pessoas estão achando difícil ler o azul. O que você achou?
Um abraço.
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